Todo mês se forma um cisto que chega em media a 2,5 cm, rompendo-se para liberar o óvulo. A mulher nasce com aproximadamente 2 milhões de óvulos (e não surgem novos óvulos), que vão sendo consumidos durante sua vida com a finalidade principal de produzir hormônios: apenas 300 a 400 são destinados a ovulação. Quando acaba o estoque de óvulos, a mulher para de produzir hormônios e entra na menopausa.
Portanto, enquanto a mulher menstrua, é necessário que haja cistos no ovário (folículos) para produzir hormônios e ovulação. O folículo que liberou o óvulo, enche-se de células amareladas constituindo o corpo lúteo ou corpo amarelo, que eventualmente também acumula líquido, quando passa a se chamar cisto de corpo lúteo, e que desaparece antes da menstruação. Esses cistos do ovário são chamados fisiológicos ou funcionais porque são essenciais para a boa produção de hormônios e óvulos.
O exame de ultra-sonografia transvaginal visualiza estes cistos facilmente, podendo-se verificar qual o dia da ovulação (pelo desaparecimento do folículo dominante). Quando a mulher recebe medicamentos que estimulam o ovário, pode haver formação de múltiplos folículos pré-ovulatórios que, identificados identificados pela ultra-sonografia, permitem que sejam aspirados, colhendo-se os óvulos para a fertilização assistida (bebe de proveta).
Existem muitos tumores (benignos e malignos) do ovário que se apresentam como cistos, porém, geralmente com características ultra-sonográficas que os distinguem dos cistos funcionais ou fisiológicos. Em termos práticos consideramos que cistos homogêneos, com até 6 cm de diâmetro, em mulher que menstrua, provavelmente são fisiológicos; a chance de que desapareçam em 3 meses é cerca de 90% (comprovando-se com o ultra-som). Conclui-se que após a menopausa qualquer cisto de ovário merece uma melhor investigação.
Cistos chamados complexos (conteúdo denso e heterogêneo) com menos de 6 cm de diâmetro, mesmo em mulher que menstrua, precisam ser melhor avaliados e eventualmente retirados, tratando-se geralmente de doenças benignas como cisto dermoide ou endometriose, podendo em poucos casos tratar-se de tumor maligno.
Cistos com mais de 6 cm em qualquer época da vida da mulher e mesmo com conteúdo homogêneo e líquido pouco denso, paredes lisas e finas, precisam ser retirados, pois é pouco provável que sejam fisiológicos. Os cistos benignos do ovário (serosos ou mucinosos), podem crescer rápido e atingir volumes consideráveis, de mais de 30 cm de diâmetro.
O problema do medico é distinguir entre o tumor benigno e o maligno do ovário.
Às vezes, mesmo durante a cirurgia, sob visão direta, não podemos assegurar qual a natureza do tumor, nesse caso é feita a retirada do tumor e o patologista realiza uma biópsia de congelação para determinar se o tumor é benigno ou maligno. Se o tumor for maligno, a cirurgia precisa ser ampliada, retirando-se as estruturas adjacentes e os gânglios para onde drenam as possíveis metástases dos tumores dos ovários. O tratamento posterior com radioterapia ou quimioterapia depende do tipo de tumor maligno.
Os cistos de ovários é uma queixa freqüente do consultório do ginecologista. Muitos casos são assintomático e apenas descobertos quando se faz o ultrassom. O ginecologista tem que ter experiência para distinguir os cistos no ovário que devem ser operados, daqueles cistos que vão desaparecer sozinhos apenas com acompanhamento pelo ultrassom. Caso haja necessidade de cirurgia, esta pode ser feita por vídeolaparoscopia e se o cisto é benigno muitas vezes o ovário pode ser preservado.